sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Os equívocos da estereotipação

Não sou exatamente o que se pode chamar de "mulher feminina". Nem desejo ser. Amo tênis, se não fosse pobre teria uma coleção. Detesto rosa, não por remeter automaticamente à figura da mulher, mas porque tenho cara e corpo de criança e sinto que essa cor reforça a minha trágica condição. Mas tem outra coisa que eu detesto também: ser confundida. Só porque eu tenho na minha mochila dez fitinhas do Senhor do Bomfim, cada uma de uma cor, não significa que eu levanto a bandeira gay, apenas amo a cidade de Salvador (a Bahia toda) e tenho o sonho de morar lá. Junto do Bem, meu namorado. Tenho muitos amigos gays e os defendo, assim como defendo o direito de todos os seres humanos exercerem o amor da forma como o sentem. Mas, por favor, não me confundam. Não é porque eu ando com gays que sou gay. Sou diferente? Sou, procuro ser. Mas isso não faz de mim lésbica. Sou mente aberta? Sou, procuro ser. Afinal, minha futura profissão (jornalista) me exige que eu seja, mas sou por querer. 

Imagine um dos meus "looks" mais comuns: tênis all star, short jeans, camiseta, chapéu panamá azul, batom laranja ou vermelho. Pronto. Pareço gay por isso? Por que toda essa estereotipação, gente? Eu me sinto bem em me vestir assim, tenho mesmo que me mudar porque corro o risco de ser confundida? Já tentei me afastar dos amigos gays, mas vi que estava no caminho de uma imensa bobagem e corria um risco maior: o de ficar só. Briguei com o Bem e quase terminamos porque ele quis que eu evitasse certas companhias que dirigiam a mim comportamentos estranhos. Eu nunca retribuí ou dei espaço para esse tipo de coisa, apenas ofereci à essas companhias a minha amizade, mas tem gente que às vezes abusa ou por brincadeira, ou por maldade. No entanto, bati meu pé e disse que não, não deixaria de falar com elas, não me afastaria e qualquer coisa que eu estranhasse, agiria como alguém que estranha e rejeita. A coisa enfeiou, o Bem não quis aceitar e até hoje discutimos por isso... Mas, eu me pergunto, o erro está em mim?

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