Aos 12 anos dono do próprio jornal,
primeiro editor-chefe do Facom News, vintão numa Tribuna da Bahia quarentona e
fã do É O Tchan: um breve relato do histórico de êxito de Victor Pinto.
Num lugar não muito distante daqui, onde as mulheres desfilam elegantes com seus bobes nos cabelos e onde maestro Josevaldo ensina música a criancinhas, nasceu ele: Victor Pinto, o menino do jornal. Na quinta-série, enquanto seus coleguinhas brincavam de pega-pega e esconde-esconde, ele brincava de fazer jornal. O brinquedo chamava-se inicialmente Diário de Notícias. Hoje, com o nome de Correio do Mês, é um dos principais veículos de informação do município de Conceição do Coité.
Num nervosismo inicial, ele coça a
cabeça e sorri desconcertado ao falar sobre si mesmo. “Victor Pinto é um menino
que cresceu, hoje é um rapaz e que é apaixonado por comunicação, louco por
comunicação, respira comunicação”. Sabe qual é a primeira coisa que esse rapaz
faz ao acordar? Ligar o rádio ou o computador e ouvir/ver notícias. Workaholic assumido: “Eu gosto de
trabalhar, é meu vício”, se entrega.
Deitada no sofá ao lado a amiga acrescenta
que Victor tem alma de gente velha. Mas ele se explica: “Eu me considero uma
pessoa muito responsável, eu sempre fui muito além da minha idade”. Sua vida é
como a de Miranda Priestly de O Diabo Veste Prada, em que a rotina profissional
lhe rouba o tempo da pessoal. A sorte é que ainda pode contar com amigos que o
carregam pelo braço e não deixam que ele enlouqueça.
O menino do jornal cresceu e virou
Victor do jornal. E é esse que
atualmente tenta segurar o tchan com
a alta demanda de trabalhos. Coordenador de mídias na Fundação Dom Avelar (um
jornal, três rádios e três sites), ainda tem que separar um tempo para a bolsa
do Neojibá e correr para a Tribuna da Bahia, onde é repórter, para fechar as
pautas de política.
E quem disse que acabou? Às
sextas-feiras é monitor da matéria Temas Especiais em Radiojornalismo na Facom.
Já passou pela assessoria do CREMEB, já foi estagiário do Política Livre e
“louco, louco de pedra” entrou para a Record. Essa última experiência lhe
acrescentou um vasto know-how
televisivo, mas deixou sua rotina insana. “Agora é que eu comecei a ter uma
vida de gente”, diz aliviado.
A sina da ação foi aprendida em Coité, a
Facom apenas aprimorou o que já fazia. “Tem teoria que não serve para porra
nenhuma, é igual à matemática que tem certos conteúdos que a gente não vai usar
mais nada na vida”. Ele defende o estilo de ensino de Ziraldo – que outrora
teve o deleite de entrevistar –, o modelo prático da Professora Muito
Maluquinha: ler e escrever, somar, subtrair, multiplicar e dividir.
“Minha filha, a minha turma foi a
primeira do Facom News. Não tem aquele lema: Questione. Exclame. Discuta? Quem
criou fui eu, fiz a primeira logomarca do Facom News! Eu fui também o primeiro
editor-chefe!” , dizia assim com seus olhos demais arregalados. “Ah, Lia é
maravilhosa, Lia é ótima!”, sobre associar teoria e prática.
Para relaxar no meio dessa barafunda
completa, só mesmo escutando É O Tchan, Novos Baianos, Caetano, Gil, Bethânia,
Ivete, Banda de Boca. Com a cabeça vacilante e a boca cheia de dentes conta: “Tenho
como referência baiana É O Tchan! É O Tchan é estourado, É O Tchan é minha
paixão”. Ainda sobre música, ele diz que uma das melhores coisas que lhe
aconteceu foi poder entrevistar o cantor Fagner. “Eu consegui, olha, uma luta,
uma batalha e foi legal, ele falou da carreira, dos projetos”.
Segundo Victor, para o pau que nasce
torto se endireitar, é necessário errar e aprender com isso. “A vida, se você
pensa que ela é fácil de viver, sabe de nada, inocente. E quem quer ter uma
vida [...] sem ganhar dinheiro fácil – que esse até o santo duvida – tem que ralar,
ainda mais quando se é pobre, vindo de uma cidade do interior”, ao sentir na
carne as nem tão doces mudanças advindas da escolha de morar na capital.
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